quinta-feira, 20 de novembro de 2014

'Vidas novas'

Por Gisa Borges



À medida que o corpo cria asas, a alma quer voar com ele.
Os dias parecem não passar quando as asas estão meio tortas e não te permitem vagar em busca de novos caminhos.
O anseio é que tudo faça sentido outra vez.


Caminhar para quem aprendeu desde cedo a voar, é enfadonho.
Parece que a direção não vem. Anda-se perdido.


Correr não serve.
Correr demora, por mais que isso seja controverso.
Sim, correr demora.
É melhor sossegar até as asas remendadas voltarem a dar sinal de vida
Assim será possível colher ‘vidas novas’.


É no vento que me encontro para te encontrar.
As asas são instrumentos.







quinta-feira, 13 de novembro de 2014

A vida o inventou para reinventá-la.

Desde a manhã vejo os passarinhos voarem pela janela e entoarem seus cânticos intermitentemente.
Acreditei que era apenas mais um dia em que eles estavam faceiros.
Após o almoço, quando fui olhar as notícias na internet, descobri o motivo da passarinhada estar fazendo essa algazarra toda: o mais nobre dos passarinhos desta vida nos deixou.

Talvez o que seus amigos estejam fazendo agora é uma reverência ao canto do sábio passarinho- menino Manoel de Barros, cujos cantos foram entoados em forma de poesia mundo à fora, sem que ele precisasse sair lá da região do Pantanal.
A poesia tinha música nas palavras.

Palavras estas que ele reinventou para reinventar a vida.
A vida que o criou para transformá-la mais leve.

Seu olhar na poesia não se esconde
Desabrochou por muitas fases para manter-se criança.
Hoje o dia está mais triste (ou não?)
Ganhamos um passarinho que fará poemas-cânticos no céu.

Fique em paz, querido Manoel!
O céu tem nuvens em forma de bichos e flores.
Elas são as formas mais travessas de existência, do jeito que você gosta.
Sentiremos saudades!


Gisa Borges.