*Preservada a grafia original.
Um astrônomo disse, “Fala-nos do Tempo”.
E ele respondeu:
Se dependesse de vós medirieis o imedível e o incomensurável
Ajustarieis a vossa conduta e até dirigirieis o rumo do vosso
espírito de acordo com as horas e as estações.
Do tempo farieis um ribeiro em cuja margem vos sentarieis a
vê-lo fluir.
No entanto, o intemporal em vós está consciente do intemporal da
vida, e sabe que o ontem não é senão a memória do hoje, e o amanhã é o
sonho de hoje.
E aquele que dentro de vós canta e contempla, habita ainda
dentro dos limites daquele primeiro momento que espalhou as estrelas no firmamento.
Quem, dentre vós, não sente que a sua capacidade para amar é
ilimitada?
E, no entanto, também sente que esse mesmo amor, embora
ilimitado, está confinado no âmago do seu ser, não se movendo de pensamento
amoroso para pensamento amoroso, nem de actos de amor para actos de amor.
E não será o tempo, tal como o amor, indivisível e imóvel?
Mas se em pensamento quiserdes medir o tempo em estações, deixai
que cada estação abrace todas as outras.
E
deixai que o hoje abrace o passado com saudade e o futuro com ansiedade.
(Texto
extraído da obra “O Profeta” de Gibran Khalil Gibran, escritor e poeta libanês
conhecido pelas obras que exaltavam o amor em todas as suas formas. Faleceu em
Nova Iorque no dia 10 de abril de 1931).
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