terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Líderes de ontem, hoje e amanhã – Uma opinião pessoal. Quem e quais?

Outro dia um amigo me fez uma pergunta muito simples na minha página da rede social Formspring, mas que ao mesmo tempo me levou a pensar na resposta que formulei e, principalmente, nas inúmeras possibilidades em que ela pode ser enfatizada e principalmente, interpretada.

Sendo assim, antes de me ater a comentar a pergunta e a resposta, vamos a ela... Foi-me perguntado:

“Me diga apenas UM líder que você admira (tirando Jesus Cristo, porque Jesus é Deus e ele sendo Deus...bom você entendeu...)”

E a resposta dada foi:

"Escolher um líder entre tantos que admiro é difícil. Temos muitos exemplos históricos (e até antagônicos), mas que de alguma forma despertam a minha atenção: Che Guevara, na América Latina (apesar de que sou totalmente contrária ao regime implantado por Fidel em Cuba); Mandela, na África (pela luta contra a segregação racial); Tiradentes, pela histórica Inconfidência Mineira e pela bandeira de liberdade até hoje levantada em Minas; líderes atuais como o técnico da seleção de vôlei masculino, Bernardinho, que com lições metódicas para se alcançar o podium, pode trazer grande incentivo aos que querem ter a essência de liderança em suas vidas (é só ler o livro dele. Perfeito!). Mas já que é para escolher um, escolho um eminente pacificador...

Um líder: Gandhi.

Ele representa uma luta sem armas. Baseada simplesmente numa ideologia. Foi uma personalidade ímpar. E concordo plenamente com seus ideais de luta. Sou uma ativista democrática como ele; sigo o princípio da forma não violenta de protesto. Acho que isso é natural entre os apaixonados pelo Direito. Gandhi também era Advogado."


Pois bem, apresentada a pergunta formulada e a resposta dada, me atenho a alguns comentários e, principalmente, a explicar um pouquinho das minhas ideologias dentro dela. Mas como o tema é uma das minhas paixões, estarei dividindo a abordagem em no mínimo três postagens. Por isso peço paciência ao leitor que acompanha este humilde blog pessoal.

Falar de liderança é um assunto particularmente instigante. Meus amigos sabem disso e acho que este é o motivo da pergunta ser formulada como foi. Forçam-me (no bom sentido) a indicar um nome para que tenham a noção da minha estima por essa palavra (Líder) e, principalmente, as atitudes que devem nortear as pessoas que merecem ganhar este adjetivo. Sim, para mim é um belo adjetivo. (Que me desculpem os gramáticos!)

Jesus realmente foi o maior líder que já existiu. Não podemos retirar jamais esta primazia. Mas como inicialmente me foi retirado o direito de indicá-lo, acho que nem preciso me ater a explicar muito sobre ele. Além disso, suas palavras e ações há milênios são seguidas (algumas vezes de maneira um pouco distorcidas, notoriamente!), então nem merecem tantas explicações.

Pela resposta é possível perceber que não tenho um líder em especial e único, apenas tive que escolher um entre tantos. Então escolhi o que reunia um grande número de características que admiro em um ser humano.

Por que esta dificuldade em escolher apenas um grande líder? Porque realmente não existe um líder por excelência! Os líderes apresentados acima possuem características que se completam, ou que muitas vezes (como eu disse na resposta) são completamente antagônicos.

Quer comparar Che Guevara com Gandhi? Não ouse. Verificará que as ideologias que os motivaram não são convergentes, basta inicialmente analisar suas bandeiras de lutas: o primeiro um eminente guerrilheiro e o segundo um grande pacifista e pregador do princípio da não-violência. Sendo essa a característica mais óbvia, para não se ater a grandes delongas.

Citar o papel do Mandela contra o apartheid na África é essencial. Apesar de muitos o classificarem também como um guerrilheiro, é notória a sabedoria e perspicácia deste grande homem, que provavelmente foi um dos maiores líderes do século XX e até hoje exerce forte influência política naquele continente. É respeitado onde quer que vá, pela incansável luta pela dignidade do povo africano, dentro e fora da África. Não nego que o fato da sua formação acadêmica também terem me influenciado. Tenho uma particular admiração pelos grandes líderes da história que foram e são operadores da ciência jurídica. Mas nem de longe é uma admiração corporativa, para que fique claro. Demonstra apenas o quanto a ciência jurídica e a divulgação do conhecimento são responsáveis pelas transformações sociais e humanas.

E como esquecer o nosso Tiradentes. Confesso: inicialmente nem pensei em colocá-lo nesta categoria, devido aos motivos controvertidos que o levaram a deflagrar junto com os demais inconfidentes a luta pela “liberdade”, mas é inegável que até hoje ele é um mártir em Minas Gerais. A explicação talvez seja a injustiça que sofreu e a maneira como foi morto para servir de lição a quem se atrevesse a ir contra as ordens da nobreza. O que admiro no líder Tiradentes? A mensagem que até hoje é seguida por todos os mineiros e uma característica que sinto desde que coloquei os pés nesta terra... O povo aqui, por causa do mártir Tiradentes, respira este ideal de liberdade, tem orgulho de ostentar não só na bandeira, mas também no coração o “libertas quae sera tamen”.

Agora a grande ironia: citar um técnico de uma seleção? Um esportista? Claro.

Por quê?

O técnico da seleção brasileira de vôlei masculino, famoso Bernardinho, é, sem dúvida, sinônimo de sucesso. E um sinônimo igual a tantos outros líderes que temos em nosso país. Líderes que cada um de nós conheceu no dia a dia. Utilizam seu trabalho como pilar motivacional para que outras pessoas alcancem o sucesso esperado.

Lembro-me de ter visto um vídeo no site youtube em que são apresentados alguns dos fundamentos de liderança que Bernardinho mostra no seu livro “Transformando suor em ouro”, em que o mesmo ressalta, de maneira muito interessante, uma simples distinção entre uma derrota e um fracasso e sua aplicação ao cotidiano.

Afirma que derrota todos nós sofremos algumas vezes na vida. Não podemos ganhar sempre. Muitas vezes as derrotas são até importantes para que o sucesso seja alcançado com êxito. Amargá-las de maneira prolongada é que deve ser evitado. O ideal é aprendermos com elas. Mostram-nos os erros que devem ser corrigidos para a conquista de grandes coisas.

O fracasso é a total falta de motivação e de vontade de transformar. Fracassado é aquele que sente a derrota antes mesmo de tentar. É o que está fadado a sofrer, o inerte. Quem não luta, e não sabe o valor do suor e das dificuldades. Este é um fracassado por natureza.

É preciso coragem para sofrer uma derrota. O fracasso só os fracos conseguem ser. Contra a fraqueza de espírito não há o que se fazer. Nem os mais árduos treinamentos com as melhores técnicas e excelentes profissionais, conseguem transformar esta indiferença perante a vida. A estes não pertence nem o último lugar, pois são totalmente desprovidos de competitividade.

Transformar suor em ouro não é fácil. Você já fez as contas de quantas pessoas você vê diariamente transformando suor em diamante e que ninguém se dá conta do valor dela perante a sociedade?

É chegada a hora, não de esquecer os líderes do passado, mas de retirar as maiores lições de liderança, coragem e ousadia para transformar o seu suor em ouro. E me atrevo a dizer que essas características você pode encontrar no seu círculo social ou em uma pequena nota dada por um jornal sobre alguém que ousou desafiar e acreditar na vida.

De uma coisa eu tenho certeza, os verdadeiros grandes líderes deste século ainda passam despercebidos por você e por mim, todos os dias.

Aqui finalizo a primeira postagem sobre este grandioso tema.