quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Olavo Bilac - frases


"O presente não existe. A vida é o passado e o futuro; vivemos de lembranças e de ambições, entre a saudade e a esperança."

(Olavo Bilac)








terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Revisitando Drummond - Parte III

Para dar continuidade aos textos de Drummond para o Natal, a revisitação de hoje traz uma história que teve sua celebração modificada ao longo do tempo, mas que sobrevive a modernidade à sua maneira, mantendo sua essência: o início de uma história de amor pela humanidade.
Para repensarmos o nascimento de um Deus.
Boa leitura!










Eu vi nascer um Deus

Em novembro chegaram os signos.
O céu nebuloso não filtrava
estrelas anunciantes
nem os bronzes de São José junto ao Palácio Tiradentes tangiam a Boa-Nova.
Eram outros os signos
e vinham na voz de iaras-propaganda
páginas inteiras de refrigerador e carro nacional mas vinham.

O governo destinou só 210 mil dólares
à importação de artigos natalinos
avelãs figos castanhas ameixas amêndoas
sóis luas outonos cristalizados
orvalho de uísque em ramo de pinheiro
champagne extra-sec pour les connoisseurs
mas vinham a fome sambava entre caçarolas desertas
e o amor dormia na entresafra
mas vinham e petroleiros jatos caminhões nas BR televisores transistores corretores
descobriram subitamente Jesus.

(Quem adquire a big cesta de natal Tremendous
no ato de pagamento da primeira prestação
recebe prêmio garantido e concorre
na última quarta-feira de cada mês
- números correspondentes aos da Loteria Federal -
a visões como um apartamento um jipe uma lambreta
um lunik um anjo eletrônico
e mais:
ajuda quinhentos velhinhos a provar alegria
pois a Obra de Senectude Evangélica
tem comissão em cada cesta vendida.)

... na manjedoura?
no presépio?
no chão, diante do pórtico arruinado, como em Siena o pintou Francesco [Giorgio?
na capelinha torta de São Gonçalo do Rio Abaixo?
na big cesta de natal?
... repousa o Infante esperado.
As luzes em que o esculpiram tornam-lhe o corpo dourado.
O Cristo é sempre novo, e na fraqueza deste menino
há um silencioso motor, uma confidência e um sino.

Nasce a cada dezembro e nasce de mil jeitos.
Temos de pesquisá-lo até na gruta de nossos defeitos.

Ministros deputados presidentes de sindicatos
prosternam-se, estabelecendo os primeiros contatos.

Preside (mal) as assembléias de todas as sociedades
anônimas, anônimo ele próprio, nas inumerabilidades

de sua pobritude. E tenta renascer a cada hora
em que se distrai nossa polícia, assim como uma flora

sem jardineiro apendoa, e sem húmus, no espaço
restaura o dinamismo das nuvens. Sua pureza arma um laço

à astúcia terrestre com que todos nos defendemos
da outra face do amor, a face dos extremos.

Inventou-se menino para ser ao menos contemplado,
senão querido (pois amamos a nosso modo limitado,

e da criança temos pena, porque submersos garotos
ainda fazem boiar em nós seus barcos rotos,

e a tristeza infantil, malva seca no catecismo, nunca se esquece).
Assim o Cristo vem numa cantiga sem rumo, não na prece
com pandeiros alegres tocando com chapéus de palhinha amarela
companheiros alegres cantando.
Ó lapinha,

menino de barro,
deus de brinquedo,
areia branca de córrego,
musgo de penhasco,
Belém de papel,
primeira utopia,
primeira abordagem                                      
de território místico,
primeiro tremor.

Vi nascer um deus.
Onde, pouco importa.
Como, pouco importa.
Vi nascer um deus
em plena calçada
entre camelôs;
na vitrine da boutique
sorria ou chorava,
não sei bem ao certo;
a luz da boate mal lhe debuxava o mínimo perfil.

Vi nascer um deus
entre embaixadores entre publicanos entre verdureiros
entre mensalistas, no Maracanã em Pará-lá-do-mapa,
quando os gatos rondam a espinha da noite
os mendigos espreitam os inferninhos
e no museu acordam as telas informais
e o homem esquece
metade da ciência atômica:
vi nascer um deus.
O mais pobre,
o mais simples.



(Carlos Drummond de Andrade)

Versos de Bilac





"Quando as estrelas surgem na tarde, surge a esperança...
Toda alma triste no seu desgosto sonha um Messias:
Quem sabe? o acaso, na sorte esquiva, traz a mudança
E enche de mundos as existências que eram vazias!"


(Olavo Bilac)


sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A história do Natal em cordel

Achei o vídeo tão sensacional que resolvi publicar aqui no blog.
De uma maneira tão simples, a história do Natal parece ganhar novos contornos.
Viva o nascimento do Salvador!





quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Pequena nota: Escolhas



Quando se tem um mundo de possibilidades, 

o difícil é definir quando e o que tem que vir primeiro.



(Gisa Borges)




quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Uma mensagem universal



Vamos consertar o mundo
Vamos começar lavando os pratos
Nos ajudar uns aos outros
Me deixe amarrar os seus sapatos                                       
Vamos acabar com a dor
E arrumar os discos numa prateleira
Vamos viver só de amor
Que o aluguel venceu na terça-feira
O sonho agora é real
E a chuva cai por uma fresta no telhado
Por onde também passa o sol
Hoje é dia de supermercado
Vamos viver só de amor
E não ter que pensar, pensar
No que está faltando, no que sobra
Nunca mais ter que lembrar, lembrar
De pôr travas e trancas nas portas.

("Vamos viver" - Paralamas do Sucesso. Letra de Herbert Viana)




terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Olavo Bilac - frase

"O Brasil será uma das maiores, uma das mais formidáveis nações do mundo, quando todos os Brasileiros tiverem a consciência de ser Brasileiros."
(Olavo Bilac)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Revisitando Drummond - Parte II

Todos os anos durante dezembro sinto necessidade de revisitar Drummond.
Talvez pela maneira simples com que o poeta enxerga os acontecimentos humanos.
Talvez pelo desejo de que o espírito natalino adquira também as características de um belo poema.
Com a certeza de que é sempre bom ver e viver este período como momentos únicos e sonhar com mais "dezembros" assim...
Revisitando Drummond.

Texto de hoje:


"Organiza o Natal"


Alguém observou que cada vez mais o ano se compõe de 10 meses; imperfeitamente embora, o resto é Natal. É possível que, com o tempo, essa divisão se inverta: 10 meses de Natal e 2 meses de ano vulgarmente dito. E não parece absurdo imaginar que, pelo desenvolvimento da linha, e pela melhoria do homem, o ano inteiro se converta em Natal, abolindo-se a era civil, com suas obrigações enfadonhas ou malignas. Será bom.

Então nos amaremos e nos desejaremos felicidades ininterruptamente, de manhã à noite, de uma rua a outra, de continente a continente, de cortina de ferro à cortina de nylon — sem cortinas. Governo e oposição, neutros, super e subdesenvolvidos, marcianos, bichos, plantas entrarão em regime de fraternidade. Os objetos se impregnarão de espírito natalino, e veremos o desenho animado, reino da crueldade, transposto para o reino do amor: a máquina de lavar roupa abraçada ao flamboyant, núpcias da flauta e do ovo, a betoneira com o sagüi ou com o vestido de baile. E o supra-realismo, justificado espiritualmente, será uma chave para o mundo.

Completado o ciclo histórico, os bens serão repartidos por si mesmos entre nossos irmãos, isto é, com todos os viventes e elementos da terra, água, ar e alma. Não haverá mais cartas de cobrança, de descompostura nem de suicídio. O correio só transportará correspondência gentil, de preferência postais de Chagall, em que noivos e burrinhos circulam na atmosfera, pastando flores; toda pintura, inclusive o borrão, estará a serviço do entendimento afetuoso. A crítica de arte se dissolverá jovialmente, a menos que prefira tomar a forma de um sininho cristalino, a badalar sem erudição nem pretensão, celebrando o Advento.

A poesia escrita se identificará com o perfume das moitas antes do amanhecer, despojando-se do uso do som. Para que livros? perguntará um anjo e, sorrindo, mostrará a terra impressa com as tintas do sol e das galáxias, aberta à maneira de um livro.

A música permanecerá a mesma, tal qual Palestrina e Mozart a deixaram; equívocos e divertimentos musicais serão arquivados, sem humilhação para ninguém.

Com economia para os povos desaparecerão suavemente classes armadas e semi-armadas, repartições arrecadadoras, polícia e fiscais de toda espécie. Uma palavra será descoberta no dicionário: paz.

O trabalho deixará de ser imposição para constituir o sentido natural da vida, sob a jurisdição desses incansáveis trabalhadores, que são os lírios do campo. Salário de cada um: a alegria que tiver merecido. Nem juntas de conciliação nem tribunais de justiça, pois tudo estará conciliado na ordem do amor.

Todo mundo se rirá do dinheiro e das arcas que o guardavam, e que passarão a depósito de doces, para visitas. Haverá dois jardins para cada habitante, um exterior, outro interior, comunicando-se por um atalho invisível.

A morte não será procurada nem esquivada, e o homem compreenderá a existência da noite, como já compreendera a da manhã.

O mundo será administrado exclusivamente pelas crianças, e elas farão o que bem entenderem das restantes instituições caducas, a Universidade inclusive.

E será Natal para sempre.

(Carlos Drummond de Andrade, livro "Cadeira de Balanço" - 1972)



quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Abrindo Dezembro, revisitando Drummond

Nos pequenos poemas do poeta mineiro de Itabira, a serenidade em palavras, escritas em vários "Dezembros" para celebrar a entrada e a estada dos melhores sentimentos humanos: esperança, amor e fé!



Procuro uma alegria
uma mala vazia
do final de ano
e eis que tenho na mão
- flor do cotidiano -
é voo de um pássaro
é uma canção.

(Dezembro de 1968)



Uma vez mais se constrói
a aérea casa da esperança
nela reluzem alfaias
de sonhos e de amor: aliança.

(Dezembro de 1973)



Quem me acode à cabeça e ao coração
neste fim de ano, entre alegria e dor?
Que sonho, que mistério, que oração?
Amor.
(Dezembro de 1985)


(Poemas de Carlos Drummond de Andrade)





terça-feira, 29 de novembro de 2011

Amar! - Florbela Espanca

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui...além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente
Amar! Amar! E não amar ninguém!


Recordar? Esquecer? Indiferente!...

Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!


Há uma Primavera em cada vida:

É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!


E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada

Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...




segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Cora Coralina

"Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.

O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade.

Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça.

Digo o que penso, com esperança.

Penso no que faço, com fé.

Faço o que devo fazer, com amor.

Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende!"

(Cora Coralina)

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Seja você mesmo, por Madre Tereza de Calcutá

Dê sempre o melhor...
E o melhor virá.

Às vezes as pessoas são egocêntricas,
Ilógicas e insensatas...
Perdoe-as assim mesmo.

Se você é gentil, as pessoas podem
Acusá-lo de egoísta e interesseiro...
Seja gentil assim mesmo.

Se você é um vencedor, terá alguns
Falsos amigos e alguns inimigos verdadeiros...
Vença assim mesmo.

Se você é honesto e franco,
As pessoas podem enganá-lo...
Seja honesto e franco assim mesmo.

O que você levou anos para construir,
Alguém pode destruir de uma hora para outra...
Construa assim mesmo.

Se você tem paz e é feliz,
As pessoas podem sentir inveja...
Seja feliz assim mesmo.

O bem que você faz hoje
Pode ser esquecido amanhã...
Faça o bem assim mesmo.

Dê ao mundo o melhor de você,
Mas isso pode nunca ser o bastante...
Dê o melhor assim mesmo.

E veja você que, no final das contas,
É entre você e Deus...
NUNCA FOI ENTRE VOCÊ E ELES!






sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Retrato em Branco e Preto

Sexta-feira, quase final de semana, e a postagem de hoje são só faces, retratos, letra do Grande Chico e voz da Ana Carolina.




Já conheço os passos dessa estrada
Sei que não vai dar em nada
Seus segredos sei de cor.







 

Já conheço as pedras do caminho
E sei também que ali sozinho
Eu vou ficar, tanto pior.
O que é que eu posso contra o encanto
Desse amor que eu nego tanto
Evito tanto
E que no entanto
Volta sempre a enfeitiçar
Com seus mesmos tristes velhos fatos
Que num álbum de retrato
Eu teimo em colecionar.










Lá vou eu de novo como um tolo
Procurar o desconsolo
Que cansei de conhecer.




Novos dias tristes, noites claras
Versos, cartas, minha cara
Ainda volto a lhe escrever
Pra dizer que isso é pecado
Eu trago o peito tão marcado
De lembranças do passado
E você sabe a razão



Vou colecionar mais um soneto
                                                        Outro retrato em branco e preto
                                                               A maltratar meu coração.


(Retrato em Branco e Preto - Letra: Chico Buarque de Holanda; Intérprete: Ana Carolina)


 



quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Jardinagem - Filosofia - Simplicidade...

"[...] A jardinagem é uma arte milenar, muito mais antiga que a Filosofia. Há muita sabedoria escondida na ciência do semear, cuidar e colher flores.
Meu caro, há uma diferença fundamental entre a Filosofia e a Jardinagem que vale a pena ressaltar. A Filosofia é o lugar da complexidade. A Jardinagem é o lugar da simplicidade. São territórios muito distintos. A Filosofia é o campo das perguntas e respostas. O jardim é o campo onde a vida prevalece misteriosa, mas ao mesmo tempo totalmente revelada. Por mais instigante que seja o contexto da complexidade, vez em quando a gente se cansa dele. O jardim é o lugar da contemplação, e a contemplação não é outra coisa senão o descanso do pensamento. É por isso que vez em quando a alma grita pela necessidade de silenciar-se. Grita pelo direito de cessar as perguntas, de interromper, ainda que temporariamente, a produção de respostas."



(Trecho de uma das cartas trocadas entre os personagens Abner e Alfredo no livro "Tempo de Esperas" do Pe. Fábio de Melo)








A maior dificuldade do seres humanos ainda é busca pela ciência da simplicidade.
Muitos são os que dominam complexos sistemas, poucos são os que possuem o saber da colheita dos bons frutos provenientes dos pequenos gestos.
A inteligência não é característica de alguns, de uma minoria privilegiada. Cada ser humano é dotado de peculiaridades e conhecimentos importantes dentro de seu campo de atuação. O erro é acreditarmos que por dominarmos determinada ciência podemos menosprezar as demais que julgamos mais simples. Cada uma tem o seu valor.
Também é necessário compreender que enquanto a alma humana viver na busca incessante de palcos e aplausos, jamais poderá entender o que se passa no interior do teatro da vida, onde realmente está a magia de fazer o espetáculo acontecer.
Busquemos a glória sem esquecer que somos parte de uma engrenagem que inclui o viver em sociedade e as ambições que jamais podem se sobrepor ao ser ou julgar-se melhor que os outros.
A vida se encarrega de demonstrar que na simplicidade está a verdadeira noção do que é sabedoria, do conhecer e se conhecer.

(Gisa Borges)



quinta-feira, 3 de novembro de 2011

"Compter sur toi"

"Digo que no final
Você é o único que importa para mim."




Dis toi qu'au final
Tu es celle qui compte pour moi








(Por Emmanuel Moire)


sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Um líder consciente não pode terceirizar suas relações

Por Vicky Bloch
para o "Valor Econômico" (link)


Capacitar um profissional para o comando é algo relativamente simples. Está disponível para quem quiser um infinito número de treinamentos, cursos de formação e ferramentas de todos os tipos para ensinar gente a gerenciar equipes, áreas ou empresas.

Não estou desmerecendo o papel de quem está em uma posição de chefia. Sei o quanto é árduo o mundo corporativo e como é preciso trabalhar duro para subir na carreira. O profissional em cargo de gestão provavelmente recebeu ou conquistou o poder de mando por seus próprios méritos. E, por intermédio da autoridade adquirida, exerce influência sobre as pessoas, pensamentos e opiniões. Mas daí a exercer efetivamente uma liderança vai uma boa distância.

Liderar deve ser um ato de cidadania e não a realização de um sonho de juventude de se sentar na cadeira de chefe e ganhar plaquinha com seu nome na porta da sala. A liderança transformadora, que fará diferença para uma organização e para a sociedade, emerge de uma motivação íntima e legítima de ajudar. Tenho dito com frequência que está faltando solidariedade dentro das organizações. Infelizmente, tenho notado que os gestores estão desencantando as suas equipes. As pessoas não sentem mais vontade de ir para o trabalho.

Afirmo, contudo, que é possível, sim, liderar equipes e organizações de um modo diferente. Teremos uma sociedade mais equilibrada e com valores sólidos quando os líderes empresariais, sejam eles acionistas ou gestores, priorizarem as relações sustentáveis com as pessoas.

Os verdadeiros líderes nos negócios têm consciência do seu legado e da sua opção por exercer a cidadania por meio do seu cargo de gestão. Sabem que não estão ali por acaso, encaram o processo como uma missão de servir ao outro e levá-lo a construir um espaço maior do que ele possui hoje.

Para esse profissional, pouco importa a placa na porta da sala. Muitas vezes, sua sala nem sequer tem uma divisão que o separa completamente dos demais. Ele não é motivado pelo status, mas pela possibilidade de influenciar o meio e propiciar o crescimento de pessoas - sejam empregados, clientes, fornecedores ou a comunidade. As pessoas que admiramos provavelmente se destacaram mais pelo que fizeram aos outros do que a si próprias. Comprometeram-se com causas e inspiram por atuarem de uma maneira que gostaríamos de reproduzir.

Líderes que criam esse ambiente influenciam positivamente a autoestima do seu time por mostrarem que existe um interesse genuíno pelo desenvolvimento do grupo. Essa liderança tem autoridade moral para falar e ser ouvida. São chefes que reconhecem, premiam e reconstroem. São dotados de uma visão holística de organização e de sociedade. Promover esse sentido de comunidade junto aos stakeholders é exercer a cidadania.

Não existe metodologia ou treinamento para se importar mais com as pessoas. Estamos falando de uma atitude perante a vida. Nossos modelos nos deixaram um legado e, certamente, não foram treinados para isso em um workshop de liderança. Esses líderes são reconhecidos como representantes de uma comunidade. Não se trata de heróis, mas de gente comum que, com um pouco mais de trabalho e de reflexão, compreende de forma diferenciada as necessidades dos que lhe cercam.

O líder consciente acolhe as pessoas como elas são, enxerga um indivíduo como uma totalidade de papéis. Ao agir com cidadania, gera uma sinergia entre os vários elos da cadeia produtiva, dentro e fora da organização. Somente dessa forma ele é capaz de exercer a liderança na plenitude e gerar resultados sustentáveis. Pequenas atitudes, como não deixar os consumidores se sentindo órfãos de atendimento ou estar presente na reunião de pais da escola de seu filho, são fortes evidências do quanto um líder realmente se importa com as pessoas.

Assim como uma mãe tem que tomar cuidado para não terceirizar a criação dos seus filhos, um executivo não pode cair na armadilha de terceirizar suas relações e contratar instituições para cuidar daqueles que diz respeitar e amar. Por maior que seja a pressão no dia a dia, coloque-se por alguns instantes no lugar da sua família, do seu funcionário, do seu cliente e do seu fornecedor, que lhe pedem um pouco mais da sua atenção. Seja atencioso e procure dar o melhor atendimento possível.


*Vicky Bloch é professora da FGV, do MBA de recursos humanos da FIA e fundadora da Vicky Bloch Associados


Reflexão da sexta-feira

"Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz."

(Platão)








terça-feira, 25 de outubro de 2011

De Vinícius de Moraes para esta terça-feira

"A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.

A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,

o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.

O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,

o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre."



(Vinícius de Moraes)



quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Positividade



#ReflexãoDoDia:

Cuidado com as palavras proferidas. São elas que fazem a nossa realidade e determinam o amanhã. Positividade sempre!


(Gisa Borges)










terça-feira, 18 de outubro de 2011

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O mundo em vermelho e azul de Zizek e Jobs



Por Maria Cristina Fernandes
Fonte: Valor Econômico, 14/10/2011 (Link)

Camisa de malha vermelha estampada por um Karl Marx gorducho e em cima do que no Youtube parece um banco de madeira, Slavoj Zizek usa microfone humano para reproduzir seu discurso numa praça arborizada em Wall Street.
"Não se apaixonem por vocês mesmos. É bom estar aqui, mas lembrem-se, os carnavais são baratos. O que importa é o dia seguinte, quando voltamos à vida normal. Não quero que se lembrem destes dias assim: 'Meu Deus, como éramos jovens e foi lindo'".
Aos 62 anos, professor de universidades europeias e americanas, palestrante globetrotter e autor de 43 livros publicados em mais de 20 línguas, o esloveno Slavoj Zizek é um filósofo pop.
O alvo de Zizek e de sua plateia eram os bancos da vizinhança que, socorridos pelo fisco americano, não dividem a conta da crise em que a irresponsabilidade financeira jogou o país desde 2008.


Entre os discursos há mais do que o conflito de mentalidades


Segundo o "The New York Times", o movimento que se espraia pelo país já tem uma cobertura noticiosa comparável à do surgimento de seu congênere de direita, o Tea Party, mas ainda perde para a morte de Steve Jobs, quatro dias antes do discurso de Zizek.
Nenhum fato da vida do fundador da Apple foi tão lembrado naqueles dias em que Jobs foi colocado no panteão de gênios da humanidade quanto o discurso que proferiu em 2005 na Universidade de Stanford. Sua plateia era de concluintes da universidade mais prestigiada do Vale do Silício, onde Jobs fez fama e fortuna.
Confrontados pelo Youtube, os discursos de Zizek e Jobs, seis anos mais novo que o filósofo esloveno, revelam mais do que mentalidades em conflito.
O fundador da Apple fez um discurso centrado em sua própria história de vida para dizer aos estudantes que só deviam acreditar neles mesmos. Recheado por histórias de sua adoção até as brigas societárias na Apple, o discurso é uma ode ao individualismo.
Na receita do que deveriam fazer para vencer na vida, seus estudantes foram presenteados com tiradas como: "Seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém"; "Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale sua própria voz interior"; "Tenha coragem de ouvir seu próprio coração e sua intuição".
A mensagem do gênio da era digital é coerente com os produtos que criou. Umberto Eco um dia disse que, com a Apple, a informática tinha deixado de ser instrumento para se transformar num meio de encantamento.
E o encanto aumenta a cada lançamento, ainda que a diferença de um produto para outro seja o acréscimo de um megapixel ou o decréscimo de milímetros na espessura. Cada pequeno detalhe é aplaudido como mais uma grande conquista de um mundo de ícones coloridos ao alcance de um toque.
Junto com o fetichismo, a era digital também possibilitou a convocação de manifestações como as que sacudiram o mundo árabe, passaram pela Europa e espraiam-se pelos Estados Unidos.
O filósofo midiático também é filho desta era digital, o que não lhe impede de fazer perguntas que incomodam, a começar de si mesmo, que, a cada frase de seu discurso em Wall Street, automaticamente puxava a camiseta para baixo.
Naquele domingo em que foi a atração do movimento nova-iorquino, Slavoj Zizek perguntou aos manifestantes por que a tecnologia havia rompido quase todas as fronteiras do possível enquanto na política quase tudo era considerado impossível, a começar do aumento do imposto dos ricos para melhorar a saúde pública.
A audiência do filósofo performático era muito diferente daquela de Stanford. Muitos dos estudantes ali presentes, de acordo com os relatos da imprensa, não conseguem emprego para pagar o crédito estudantil que lhes permitiu frequentar universidade.
Vítima da ditadura iugoslava de Tito, Zizek usou suas frases de efeito para dizer que o comunismo falhou, mas o problema dos bens comuns permanece: "Hoje os comunistas são os capitalistas mais eficientes e implacáveis. Na China de hoje, temos um capitalismo que é ainda mais dinâmico do que o vosso capitalismo americano. Mas ele não precisa de democracia. O que significa que, quando criticarem o capitalismo, não se deixem chantagear pelos que vos acusam de ser contra a democracia. O casamento entre a democracia e o capitalismo acabou".
O divórcio da era digital genialmente revolucionada por Jobs e a utopia de Zizek está resumida na história contada pelo filósofo esloveno na praça. Um alemão oriental foi exilado na Sibéria e combinou com seus amigos que ao receberem cartas suas observassem a cor da tinta. Se azul, contaria a verdade. Se vermelha, seria falsa. A primeira carta veio em azul: "Tudo é maravilhoso aqui, as lojas estão cheias de boa comida, os cinemas exibem bons filmes do ocidente, os apartamentos são grandes e luxuosos, a única coisa que não se consegue comprar é tinta vermelha".
Zizek contou essa história para dizer que, sem tinta vermelha, o mundo se mostrava incapaz de articular uma linguagem para expressar a ausência de liberdade e encontrar alternativas a um sistema em crise.
A era digital abre todas as possibilidades e nenhuma. Faz do individualismo a alma da globalização. É imaginativa, mas escreve em azul.
É pela internet que está sendo convocada para amanhã o que se imagina que venha a ser "a maior manifestação da história". Pretende mobilizar milhões em 79 países e dar seguimento à onda de mobilizações que começou nos países árabes, prosseguiu pela Europa e agora se espraia pelos Estados Unidos.
Já tem adeptos em 34 cidades brasileiras. Muitos deles participaram dos protestos de quarta-feira. No Brasil, a manifestação é ainda mais difusa do que no resto do mundo que pelo menos tem o desemprego crescente como amálgama.
Um dos grupos tupiniquins mais ativos é o Anonymous que, no 12 de outubro, declarou: "A corrupção é o principal motivo de as coisas estarem erradas". De seu banquinho nova-iorquino, Slovej usou mais uma de suas frases de efeito para mandar o recado: "O problema não é a corrupção ou a ganância, o problema é o sistema".

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Sustentabilidade: Projeto Natureza Limpa transforma lixo em energia


Por Giselle Borges


Um daqueles exemplos que nos enche de orgulho porque nasceu em solo brasileiro e devemos fazer questão de divulgá-lo para que seja o pontapé de novas iniciativas, este é o projeto “Natureza Limpa” desenvolvido pelo empresário Mário Martins, no município de Unaí/MG. Dada a natureza sustentável, a visibilidade que vem ganhando é resultado não só do trabalho e estudos desenvolvidos, mas principalmente porque resolve um dos maiores problemas que assola grande parte das cidades em todo o mundo: o que fazer com o lixo produzido em quantidade cada vez maior? O projeto “Natureza Limpa” pode mostrar a solução. 


O empresário que vem desenvolvendo o projeto afirma que o protótipo atua com reciclagem e recuperação energética do lixo residencial e comercial transformando-o em blocos de carvão vegetal. Desta forma, atende os anseios tanto da administração pública quanto dos grandes empresários que querem investir em empreendimentos sustentáveis, já que o retorno financeiro é imediato. De acordo com Mário Martins, em entrevista ao Jornal Noroeste de Minas, a usina pode operar em qualquer lugar, sendo apta inclusive para aproveitar sobras de processos de industrialização de alimentos transformando o que seria descartado em energia limpa através do carvão vegetal.

A TJMC Empreendimentos é a empresa responsável pelo projeto e conta com a colaboração científica da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. O empresário e idealizador da usina tem recebido convites para eventos e premiações dado ao reconhecimento público desta idéia que inclui desenvolvimento, sustentabilidade e geração de empregos. Após ganhar um dos primeiros lugares por categoria no maior prêmio de iniciativa sustentável do país, o Greenbest, o projeto Natureza Limpa segue levando o nome do Brasil para a 17ª edição do Meeting Dynamic City The Word 2011, que ocorrerá entre os dias 24 e 28 de outubro em Colônia, na Alemanha, evento em que o projeto será homenageado.

Ideia tipo exportação

O projeto Natureza Limpa ganha notoriedade nacional e internacional, principalmente porque cumpre a Lei 12.305/2010 que impõe o tratamento sustentável de resíduos sólidos. Desde o início das atividades da usina, autoridades de várias partes do país tem visitado o interior de Minas Gerais, no intuito de levar para seus Estados e municípios esta idéia que deu certo e pode gerar frutos capazes de tornar o que era problema numa solução que emplaca duas vertentes: dar um destino certo ao lixo urbano e produzir energia limpa com baixo custo. 

Algumas cidades do Estado do Mato Grosso – Campos de Julho, Comodoro, Nova Lacerda, Conquista do Oeste, Vila Bela da Santíssima Trindade, Pontes e Lacerda, Vale do São Domingos, Jaurú e Figueirópolis – serão beneficiadas com a instalação de uma usina que seguirá o mesmo modelo do protótipo instalado em Unaí/MG. O projeto tende a se expandir para outros Estados, uma vez que representantes de Santa Catarina, Rio Grande do Norte, Goiás e Distrito Federal, bem como de outras cidades de Minas Gerais, já estiveram no local para tentar compreender o funcionamento e analisar a possibilidade de implantação. Mas o orgulho do empresário Mário Martins também está em exportar a idéia. Representantes do Senegal, Bangladesh e Portugal já estiveram na usina com o intuito de conhecer o projeto e levar esta ideia sustentável adiante em seus países.

Iniciativas como essa é que nos propiciam acreditar que é possível buscar o desenvolvimento econômico sem esquecer o respeito ao meio ambiente. Gerar lucro e renda através do combate a poluição causada com o acúmulo de lixo urbano é uma ideia que os representantes do projeto "Natureza Limpa" afirmam que deu certo. Agora é dividir o conhecimento e multiplicar as iniciativas sustentáveis. As gerações do presente e futuro agradecem.

Maiores informações sobre o projeto "Natureza Limpa" podem ser obtidas no site: www.naturezalimpa.com


Fonte das informações: 
Site Natureza limpa e Jornal Noroeste de Minas, edição 132, Ano XIII.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

~ 15 anos de presença ~

"Consegui meu equilíbrio cortejando a insanidade." 

"É só o amor que conhece o que é verdade."

"Vamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe pra trás
Apenas começamos
O mundo começa agora!
Apenas começamos."



Renato Manfredini Júnior - Renato Russo (1960-1996) 







segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Santa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil

Abrindo a semana dedicada à Mãe de todos os povos e padroeira do Brasil, com uma oração realizada pelo Papa João Paulo II, quando esteve no Brasil em 1980 em viagem apostólica na cidade de Aparecida/SP. 
Esta oração pode ser encontrada no site do Vaticano (www.vaticano.va) ou acessando diretamente o link (clique aqui - oração)
Que a nossa Santa Senhora Aparecida continue abençoando esta nação hoje e sempre.


ORAÇÃO DO PAPA JOÃO PAULO II
NA DEDICAÇÃO DA BASÍLICA NACIONAL
A NOSSA SENHORA APARECIDA
Aparecida, 4 de Julho de 1980


Nossa Senhora Aparecida!

Neste momento tão solene, tão excepcional, quero abrir diante de Vós, ó Mãe, o coração deste povo, no meio do qual quisestes morar de um modo tão especial – como no meio de outras nações e povos – assim como no meio daquela nação da qual eu sou filho. Desejo abrir diante de Vós o coração da Igreja e o coração do mundo ao qual esta Igreja foi enviada pelo vosso Filho. Desejo abrir-Vos também o meu coração.
Nossa Senhora Aparecida! Mulher revelada por Deus, que haveríeis de esmagar a cabeça da serpente (cf. Gên 3,15) na vossa Conceição Imaculada! Eleita desde toda a eternidade para ser a Mãe do Verbo Eterno, o qual, pela anunciação do Anjo, foi concebido no vosso seio virginal como Filho do Homem e verdadeiro Homem!
Unida mais estreitamente ao mistério da redenção do homem e do mundo, ao pé da cruz, no Calvário!
Dada como Mãe a todos os homens, sobre o Calvário, na pessoa de João, Apóstolo e Evangelista!
Dada como Mãe a toda a Igreja, desde a comunidade que se preparava para a vinca do Espírito Santo, à comunidade de todos os que peregrinam sobre a terra, no decorrer da história dos povos e nações, dos países e continentes, das épocas e gerações! ...
Maria! Eu Vos saúdo e Vos digo “Ave” neste santuário, onde a Igreja do Brasil Vos ama, Vos venera e Vos invoca como Aparecida, como revelada e dada particularmente a ele! Como sua Mãe e Padroeira! Como Medianeira e Advogada junto ao Filho de quem sois Mãe! Como modelo de todas as almas possuidoras da verdadeira sabedoria e, ao mesmo tempo, da simplicidade da criança e daquela entranhada confiança que supera toda fraqueza e sofrimento!
Quero confiar-Vos de modo particular, este Povo e esta Igreja, todo este Brasil, grande e hospitaleiro, todos os vossos filhos e filhas, com todos os seu problemas a angústias, trabalhos e alegrias. Quero fazê-lo como Sucessor de Pedro e Pastor da Igreja universal, entrando nesta herança de veneração e amor, de dedicação e confiança que, desde séculos, fez parte da Igreja do Brasil e de quantos a formam, sem olhar as diferenças de origem, raça ou posição social, e onde quer que habitem neste imenso país. Todos eles, em este momento, voltados para Fortaleza, se interrogam: para onde vais?
O Mãe! Fazei que a Igreja seja para este povo brasileiro sacramento de salvação e sinal da unidade de todos os homens, irmãos e irmãs de adopção do vosso Filho e filhos do Pai do Céu!
O Mãe! Fazei que esta Igreja, e exemplo de Cristo, servindo constantemente o homem, seja a defensora de todos, em particular dos pobres e necessitados, dos socialmente marginalizados e espoliados. Fazei que a Igreja do Brasil esteja sempre a serviço da justiça entre os homens e contribua ao mesmo tempo para o bem comum de todos e para a paz social.
O Mãe! Abri os corações dos homens e dai a todos a compreensão de que somente no espírito do Evangelho e seguindo o Mandamento do Amor e as bem-aventuranças do Sermão da Montanha será possível construir um mundo mais humano, no qual será valorizada verdadeiramente a dignidade de todos os homens.
O Mãe! Dai à Igreja, que nesta terra brasileira realizou no passado uma grande obra de evangelização e cuja história é rica de experiências, que, com novo zelo e amor pela missão recebida de Cristo, realize as suas tarefas de hoje.
Concedei-lhe para este fim numerosas vocações sacerdotais e religiosas, para que todo o Povo de Deus possa beneficiar-se do ministério dos dispensadores da Eucaristia e das testemunhas do Evangelho.
O Mãe! Acolhei em vosso coração todas as famílias brasileiras! Acolhei os adultos e os anciãos, os jovens e as crianças! Acolhei também os doentes e todos aqueles que vivem na solidão!
Acolhei os trabalhadores do campo e da indústria, os intelectuais nas escolas e universidades, os funcionários de todas as instituições. Protegei-os a todos!
Não cesseis, ó Virgem Aparecida, pela vossa mesma presença, de manifestar nesta terra que o Amor é mais forte que a morte, mais poderoso que o pecado! Não cesseis de mostrar-nos Deus, que amou tanto o mundo, a ponto de entregar o seu Filho Unigénito, para que nenhum de nós pereça, mas tenha a vida eterna! (cf. Jo 3,16). Amém.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Tributo Legião Urbana - Rock in Rio 2011 - mais que um show

Um daqueles eventos que você diz a si mesmo e sem nenhum pudor: "Caralho por que não estou lá?!" ... Vale um bom palavrão mesmo. Principalmente depois que vimos pela TV a emoção que milhares de pessoas transmitem quando cantam em coro, como se fosse uma única voz, clássicos do rock nacional. Uma energia que nem mesmo músicos com mais de 20 anos de estrada conseguiram descrever.
Dado Villa-Lobos, por exemplo, concedeu uma entrevista ao vivo para o Jornal Nacional, da Rede Globo de TV, em êxtase total. Logo o Dado, acostumado a ver, durante todos esses anos, fãs de várias gerações que ainda são apaixonados pela Legião fazerem tantas coisas para continuarem deixando viva a memória contida não só na discografia da banda, mas também em tudo que ela representou na geração da década de 1980.
O Dinho, vocalista do Capital Inicial, traduziu bem, quando afirmou que Legião Urbana é mais que uma banda de sucesso, é quase uma seita. E deve ser mesmo.
O melhor disto tudo é que neste show realizado ontem, 29/09/2011, no palco principal do Rock in Rio, foi reafirmada mais uma vez o quanto todas as idéias do Renato, fundador da Legião, ainda estão vivas. 
Pais e filhos foi cantada, claro, um hino. Mas o melhor mesmo foi ver pais e filhos juntos no palco. Fiquei imaginando o orgulho do Bonfá e do Dado ao tocarem com seus filhos e verem milhares de outros jovens que jamais viram um show da banda vibrarem com cada acorde.
O que se pode perceber com tudo isso é que mesmo com todas as transformações dos últimos 20 anos, todas as gerações ainda querem cantar o amor, a liberdade e a fraternidade entre os homens.
O Renato fez de suas letras e músicas referências reverenciadas e é notório que The Beatles foram uma das maiores bandas de rock do mundo, mas entre todos os mitos que ainda iremos ouvir muito e querer ver nascer muitos mais, a Legião Urbana é e será sempre a melhor banda de rock nacional de todos os tempos.
Como relembrar é viver... vamos relembrar então o show de ontem, completo, porque sabemos que o Renato viverá sempre em cada melodia e letra que escreveu.

(Gisa Borges)



sexta-feira, 23 de setembro de 2011

As primaveras - Casimiro de Abreu

Para celebrar a chegada da estação mais bonita do ano, que tal três lindas poesias de Casimiro de Abreu contidas na obra "As primaveras"? 
A primeira publicação desta obra data de 1859 e trouxe um dos mais conhecidos poemas do autor, que retrata o saudosismo da infância - "Meus oito anos".
Mas a obra em si é um misto de saudade e comunhão com as belezas da terra, do ar e do mar, ou seja, retrata o natural de maneira romântica casando perfeitamente o título, que traz as estações das flores, com a abordagem linguística simples e espontânea.

Vamos então aos três poemas selecionados.





A ***

Falo a ti - doce virgem dos meus sonhos,
Visão dourada dum cismar tão puro,
Que sorrias por noite de vigília
Entre as rosas gentis do meu futuro.
Tu m’inspiraste, oh musa do silêncio,
Mimosa flor de lânguida saudade!
Por ti correu meu estro ardente e louco
Nos verdores febris da mocidade.
Tu vinhas pelas horas das tristezas
Sobre o meu ombro debruçar-te a medo.             
A dizer-me baixinho mil cantigas,
Como vozes sutis dalgum segredo !
Por ti eu me embarquei, cantando e rindo,
- Marinheiro de amor - no batel curvo,
Rasgando afouto em hinos d’esperança
As ondas verde-azuis dum mar que é turvo.
Por ti corri sedento atrás da glória;
Por ti queimei-me cedo em seus fulgores;
Queria de harmonia encher-te a vida,
Palmas na fronte - no regaço flores !
Tu, que foste a vestal dos sonhos d’ouro,

O anjo-tutelar dos meus anelos,
Estende sobre mim as asas brancas...
Desenrola os anéis dos teus cabelos !
Muito gelo, meu Deus, crestou-me as galas !
Muito vento do sul varreu-me as flores !
Ai de mim - se o relento de teus risos
Não molhasse o jardim dos meus amores !
Não te esqueças de mim ! Eu tenho o peito

De santas ilusões, de crenças cheio !
- Guarda os cantos do louco sertanejo
No leito virginal que tens no seio !
Podes ler o meu livro: - adoro a infância,
Deixo a esmola na enxerga do mendigo,
Creio em Deus, amo a pátria, e em noites lindas
Minh’alma - aberta em flor - sonha contigo.
Se entre as rosas das minhas - Primaveras -
Houver rosas gentis, de espinhos nuas;
Se o futuro atirar-me algumas palmas,
As palmas do cantor - são todas tuas !

(20 de agosto de 1859)
*Imagem acima : "Primavera", do pintor impressionista francês Oscar-Claude Monet, datada de 1886.







Poesia e amor

A tarde que expira,
A flor que suspira,
O canto da lira,
Da lua o clarão;
Dos mares na raia
A luz que desmaia,
E as ondas na praia
Lambendo-lhe o chão;
Da noite a harmonia
Melhor que a do dia,
E a viva ardentia
Das águas do mar;
A virgem incauta,
As vozes da flauta,
E o canto do nauta
Chorando o seu lar;
Os trêmulos lumes,
Da fonte os queixumes,
E os meigos perfumes
Que solta o vergel;
As noites brilhantes,
E os doces instantes
Dos noivos amantes
Na lua-de-mel;
Do templo nas naves
As notas suaves,
E o trino das aves
Saudando o arrebol;
As tardes estivas,
E as rosas lascivas
Erguendo-se altivas
Aos raios do sol;
A gota de orvalho
Tremendo no galho
Do velho carvalho,
Nas folhas do ingá;
O bater do seio,
Dos bosques no meio
O doce gorjeio
Dalgum sabiá;
A órfã que chora,
A flor que se cora
Aos raios da aurora,
No albor da manhã;
Os sonhos eternos,
Os gozos mais ternos,
Os beijos maternos


E as vozes de irmã;
O sino da torre
Carpindo quem morre,
E o rio que corre
Banhando o chorão;
O triste que vela
Cantando à donzela
A trova singela
Do seu coração;
A luz da alvorada,
E a nuvem dourada
Qual berço de fada
Num céu todo azul;
No lago e nos brejos
Os férvidos beijos
E os loucos bafejos
Das brisas do sul;
Toda essa ternura
Que a rica natura
Soletra e murmura
Nos hálitos seus,
Da terra os encantos,
Das noites os prantos,
São hinos, são cantos
Que sobem a Deus!
Os trêmulos lumes,
Da veiga os perfumes,
Da fonte os queixumes,
Dos prados a flor,
Do mar a ardentia,
Da noite a harmonia,
Tudo isso é - poesia!
Tudo isso é - amor!

(Indaiaçu, 1857)



Perfumes e amor – na primeira folha dum álbum

A flor mimosa que abrilhanta o prado
ao sol nascente vai pedir fulgor;
E o sol, abrindo da açucena as folhas,
Dá-lhe perfumes - e não nega amor.
Eu que não tenho, como o sol, seus raios,

Embora sinta nesta fronte ardor,
Sempre quisera ao encetar teu álbum
Dar-lhe perfumes - desejar-lhe amor.
Meu Deus! nas folhas deste livro puro
Não manche o pranto da inocência o alvor,
Mas cada canto que cair dos lábios
Traga perfumes - e murmure amor.
Aqui se junte, qual num ramo santo,
Do nardo o aroma e da camélia a cor,
E possa a virgem, percorrendo as folhas,
Sorver perfumes, respirar amor.
Encontre bela, caprichosa sempre,
Nos ternos hinos d’infantil frescor
Entrelaçados na grinalda amiga
Doces perfumes - e celeste amor.
Talvez que diga, recordando tarde
O doce anelo do feliz cantor:
- “Meu Deus! nas folhas do meu livro d’alma
Sobram perfumes - e não falta amor!”

(Junho - 1858)



Caso queira ler a obra completa basta acessar aqui: "As primaveras" - Casimiro de Abreu

Uma belísima primavera a todos!