quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Recomeço



" -Tudo tem seu apogeu e seu declínio...

É natural que seja assim, todavia, quando tudo parece convergir para o que supomos o nada, eis que a vida ressurge, triunfante e bela!...

Novas folhas, novas flores, na infinita benção do recomeço! "

(Chico Xavier)








quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Imperfeição



"O defeito é o anúncio da virtude que há de vir. Quanto mais fores humano tanto mais serás divino. 
Não se toca os céus se não tem os pés no chão."



(Pe. Fábio de Melo)








quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Silenciosamente...


"Não digas onde acaba o dia.
Onde começa a noite.
Não fales palavras vãs.
As palavras do mundo.
Não digas onde começa a Terra,                              
Onde termina o céu
Não digas até onde és tu.
Não digas desde onde és Deus.
Não fales palavras vãs.
Desfaze-te da vaidade triste de falar.
Pensa,completamente silencioso,
Até a glória de ficar silencioso,
Sem pensar."



(Cecília Meirelles)






terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O caminho, o menino, este Natal




"Neste Natal quero descansar de meus inúmeros planos.
Quero a simplicidade que faça voltar às minhas origens. Não quero muitas luzes.
Quero apenas o direito de encontrar o caminho do presépio para que eu não perca o menino Jesus de vista."

(Padre Fábio de Melo)









terça-feira, 4 de setembro de 2012

A vida me ensinou...
A dizer adeus às pessoas que amo, sem tirá-las do meu coração;
Sorrir às pessoas que não gostam de mim,
Para mostrá-las que sou diferente do que elas pensam;
Fazer de conta que tudo está bem quando isso não é verdade, para que eu possa acreditar que tudo vai mudar;
Calar-me para ouvir; aprender com meus erros.
Afinal eu posso ser sempre melhor.
A lutar contra as injustiças; sorrir quando o que mais desejo é gritar todas as minhas dores para o mundo.
A ser forte quando os que amo estão com problemas;
Ser carinhoso com todos que precisam do meu carinho;
Ouvir a todos que só precisam desabafar;
Amar aos que me machucam ou querem fazer de mim depósito de suas frustrações e desafetos;
Perdoar incondicionalmente, pois já precisei desse perdão;
Amar incondicionalmente, pois também preciso desse amor;
A alegrar a quem precisa;
A pedir perdão;
A sonhar acordado;
A acordar para a realidade (sempre que fosse necessário);
A aproveitar cada instante de felicidade;
A chorar de saudade sem vergonha de demonstrar;
Me ensinou a ter olhos para "ver e ouvir estrelas", 
embora nem sempre consiga entendê-las;
A ver o encanto do pôr-do-sol;
A sentir a dor do adeus e do que se acaba, sempre lutando para preservar tudo o que é importante para a felicidade do meu ser;
A abrir minhas janelas para o amor;
A não temer o futuro;
Me ensinou e está me ensinando a aproveitar o presente,
como um presente que da vida recebi, e usá-lo como um diamante que eu mesmo tenha que lapidar, lhe dando forma da maneira que eu escolher.


(Charles Chaplin)



segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Talvez - Pablo Neruda



Talvez não ser,
é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando
o meio dia com uma
flor azul,
sem que caminhes mais tarde
pela névoa e pelos tijolos,
sem essa luz que levas na mão
que, talvez, outros não verão dourada,
que talvez ninguém
 
soube que crescia
como a origem vermelha da rosa,
sem que sejas, enfim,
sem que viesses brusca, incitante
conhecer a minha vida,
rajada de roseira,
trigo do vento,

E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos...
E por amor
Serei... Serás...Seremos...


(Pablo Neruda)

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Contemplação


Os passos desta manhã me fizeram refletir sobre a natureza transcendental das coisas naturais e as complexidades envolvidas nas coisas humanas.
Cada espécime neste mundo tem sua função. Inexiste qualquer ser desprovido de carga de importância na manutenção do universo. Então, por que muitos de nós, seres humanos, ainda temos dificuldade de encontrar nosso papel enquanto seres viventes?
Acreditar que a resposta para esta pergunta seja fácil é impossível. Mas, quem sabe o caminho para a abordagem do problema esteja exatamente na observação da simplicidade de cada ser natural (assim como o homem também é).
Contemplação.
Uma reavaliação das coisas que compõe o nosso pequeno, entretanto, complexo universo das coisas humanas e da grandiosidade escondida na simplicidade divina das coisas naturais.
Hoje é um dia para tentar reverter esta ordem - pelo menos no plano das ideias -, e buscar encontrar também a grandiosidade escondida na simplicidade muitas vezes esquecida no desenrolar das coisas humanas. E quem sabe, ao final, descobrir que as coisas naturais também não sejam tão simples assim, e que tudo é um emaranhado sem fim de idas e voltas, acertos e desacertos, que as coisas humanas e naturais se misturam. Que a dúvida pode ser realmente o preço da pureza, como um dia afirmou Jean-Paul Sartre.   

(Gisa Borges)


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Pausa


Hoje quando acordei, ao contrário dos outros dias, senti que as palavras não estavam saltando da mente com facilidade...
Que as ideias estão difusas e complexas.
Particularmente, não gosto quando descubro que acordo em um dia sem a simplicidade das ideias.
É como se o mundo ficasse estranho. Como se as emoções e reações pudessem se tornar disformes, imprevisíveis.
Enfim, nenhum dia é igual ao outro.
Tenho 24 horas para entender e realizar.
Que o dia seja bom!          


(Gisa Borges)                                       

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Minuto pessoal

Quando tudo se resume numa vontade enorme de estar perto
E estar.
Quando tudo é apenas escutar o silêncio
E ouvir.
Quando tudo poderia nem ser tudo
Mas simplesmente é.
Quando o "quando" deixa de ser apenas algo distante, improvável
E está tão perto
Mas, ainda, inalcançável à palma da mão.
Eu?
Faço tudo caber nas minhas perspectivas.
Repito - como em um diálogo pessoal - a cada novo ato:
" - O que tiver que ser, será!"

(Gisa Borges)

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Receita ideal?


Quando se para no tempo perde-se a percepção do agora. Quando nos projetamos demais para o futuro, o mesmo ocorre.
Entre as dificuldades que vida nos propõe, está o seguir sem desprezar o aprendizado do antes e sem esquecer os sonhos e objetivos futuros. Nisto está uma das grandes dificuldade da natureza humana? Pelo menos é que muitos dizem. 
Se pensarmos assim, então talvez seja nas atitudes de uma criança que possamos encontrar esta exata medida. Elas vivem intensamente, sem muitas preocupações, mas jamais deixam de pensar no amanhã. Como se pensar no depois para elas fossem essencial – e é! – pois possuem um mundo de possibilidades adiante.
Ou...
... talvez o grande ponto de observação esteja também na maneira de vida dos mais velhos. Possivelmente serão eles que irão nos fornecer a receita ideal. Aproveitam cada instante como se fosse o último e volta e meia revivem momentos da vida como se não houvesse passado nem um minuto. No final, percebemos que eles também têm urgência.
Talvez cada um de nós tenha uma receita, não da felicidade ou do mundo perfeito, mas uma receita de vivência... Vivência apta a dizer como devo olhar o hoje. Mas se pensarmos bem... Precisamos mesmo de respostas?
Fica a pergunta. 



(Gisa Borges)

sexta-feira, 29 de junho de 2012

"A flor que inspirou a canção..."


"... Que dance a linda flor girando por aí
Sonhando com amor sem dor, amor de flor
Querendo a flor que é, no sonho a flor que vem
Ser duplamente flor, encanta colore e faz bem..."



(Trecho da música "Bela Flor" - Maria Gadú)








segunda-feira, 25 de junho de 2012

Ensaia um sorriso 
e oferece-o a quem não teve nenhum. 

Agarra um raio de sol 
e desprende-o onde houver noite. 

Descobre uma nascente 
e nela limpa quem vive na lama. 

Toma uma lágrima 
e pousa-a em quem nunca chorou. 

Ganha coragem 
e dá-a a quem não sabe lutar. 

Inventa a vida 
e conta-a a quem nada compreende. 

Enche-te de esperança 
e vive à sua luz. 

Enriquece-te de bondade 
e oferece-a a quem não sabe dar. 

Vive com amor 
e fá-lo conhecer ao Mundo.



(Texto "À descoberta do amor" - Mahatma Gandhi)





segunda-feira, 11 de junho de 2012

"Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é."

(Caetano Veloso - trecho da música "Dom de iludir")























segunda-feira, 14 de maio de 2012

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Sobre o Auto-conhecimento, por Khalil Gibran


Então um homem disse, Fala-nos do Auto-conhecimento.
E ele respondeu, dizendo:
Os vossos corações conhecem em silêncio os segredos dos dias e das noites.
Mas os vossos ouvidos anseiam pelo som do conhecimento do vosso coração.
Vós sabeis por palavras aquilo que sempre soubestes em pensamento.
Tocais com a ponta dos dedos o corpo nu dos vossos sonhos.
E ainda bem que assim é.
A nascente oculta da vossa alma deve erguer-se e correr a murmurar para o mar, e o tesouro das vossas profundezas infinitas será revelado perante os vossos olhos.
Mas que não haja medidas para pesar o vosso tesouro desconhecido;
E não procureis as profundezas do vosso conhecimento com limites.
Pois o ser em si não tem limites nem medidas.
Não digais "Encontrei a verdade", mas antes "Encontrei uma verdade."
Não digais "Encontrei o caminho para a alma", mas antes "Encontrei a alma a seguir o meu caminho''.
Pois a alma percorre todos os caminhos.
A alma não percorre uma linha, nem cresce como um caniço.
A alma desvenda-se a si própria como um lotus de incontáveis pétalas.



(Khalil Gibran, capítulo retirado da obra "O Profeta". Preservada a grafia original.)




quinta-feira, 26 de abril de 2012

Reflexão: O valor dos pais




Autor desconhecido
 





Um jovem, de nível acadêmico excelente, candidatou-se à posição de gerente de uma grande empresa.

Passou a primeira entrevista e o diretor fez à última, tomando a última decisão.

 O diretor descobriu, através do currículo, que as suas realizações acadêmicas eram excelentes em todo o percurso, desde o secundário até a pesquisa da pós-graduação e não havia um ano em que não tivesse pontuado com nota máxima.

O diretor perguntou, "Tiveste alguma bolsa na escola?"

O jovem respondeu, "nenhuma".

O diretor perguntou, "Foi seu pai quem pagou as suas mensalidades?" o jovem respondeu, "O meu pai faleceu quando eu tinha apenas um ano, foi a minha mãe quem pagou as minhas mensalidades."

O diretor perguntou, "Onde trabalha a sua mãe?" - e o jovem respondeu: "A minha mãe lava roupa."

O diretor pediu que o jovem lhe mostrasse as suas mãos. O jovem mostrou um par de mãos macias e perfeitas.

 O diretor perguntou, "Alguma vez ajudou sua mãe lavar as roupas?" - o jovem respondeu: "Nunca, a minha mãe sempre quis que eu estudasse e lesse mais livros. Além disso, a minha mãe lava a roupa mais depressa do que eu."

O diretor disse, "Eu tenho um pedido. Hoje, quando voltar, vá e limpe as mãos da sua mãe e depois venha ver-me amanhã de manhã."

O jovem sentiu que a hipótese de obter o emprego era alta. Quando chegou em casa pediu, feliz, à mãe que o deixasse limpar as suas mãos. A mãe achou estranho, estava feliz, mas com um misto de sentimentos e mostrou as suas mãos ao filho.

O jovem limpou lentamente as mãos da mãe. Uma lágrima escorreu-lhe enquanto o fazia. Era a primeira vez que reparava que as mãos da mãe estavam muito enrugadas e havia demasiadas contusões em suas mãos.

Algumas eram tão dolorosas que a mãe se queixava quando limpava com água.

 Esta era a primeira vez que o jovem percebia que este par de mãos que lavavam roupa todo o dia tinham-lhe pago as mensalidades. As contusões nas mãos da mãe eram o preço a pagar pela sua graduação, excelência acadêmica e o seu futuro.
Após acabar de limpar as mãos da mãe, o jovem silenciosamente lavou as restantes roupas pela sua mãe.

Nessa noite, mãe e filho falaram por um longo tempo.

Na manhã seguinte, o jovem foi ao gabinete do diretor.

O diretor percebeu as lágrimas nos olhos do jovem e perguntou, "Diz-me, o que fez e que aprendeu ontem em sua casa?"

O jovem respondeu, "Eu limpei as mãos da minha mãe e ainda acabei de lavar as roupas que sobraram."

O diretor pediu, "Por favor, diz-me o que sentiu."

O jovem disse "Primeiro, agora sei o que é dar valor. Sem a minha mãe, não haveria um eu com sucesso hoje. Segundo, ao trabalhar e ajudar a minha mãe, só agora percebi a dificuldade e dureza que é ter algo pronto. Em terceiro, agora aprecio a importância e valor de uma relação familiar."

O diretor disse, "Isto é o que eu procuro para um gerente. Eu quero recrutar alguém que saiba apreciar a ajuda dos outros, uma pessoa que conheça o sofrimento dos outros para terem as coisas feitas e uma pessoa que não coloque o dinheiro como o seu único objetivo na vida. Está contratado."

Mais tarde, este jovem trabalhou arduamente e recebeu o respeito dos seus subordinados. Todos os empregados trabalhavam diligentemente e como equipe. O desempenho da empresa melhorou tremendamente.

Uma criança que foi protegida e teve habitualmente tudo o que quis se desenvolverá mentalmente e sempre se colocará em primeiro. Ignorará os esforços dos seus pais e quando começar a trabalhar, assumirá que todas as pessoas o devem ouvir e quando se tornar gerente, nunca saberá o sofrimento dos seus empregados e sempre culpará os outros. Para este tipo de pessoas, que podem ser boas academicamente, podem ser bem sucedidas por um tempo, mas eventualmente não sentirão a sensação de objetivo atingido. Irão resmungar, estar cheios de ódio e lutar por mais.

Se somos esse tipo de pais, estamos realmente a mostrar amor ou estamos a destruir o nosso filho?

Pode-se deixar seu filho viver numa grande casa, comer boas refeições, aprender piano e ver televisão num grande TV em plasma. Mas quando cortar a grama, por favor, deixe-o experimentar isso. Depois da refeição, deixe-o lavar o seu prato juntamente com os seus irmãos e irmãs. Deixe-o guardar seus brinquedos e arrumar sua própria cama.

Isto não é porque não tem dinheiro para contratar uma empregada, mas porque o quer é amar e ensinar como deve de ser. Quer que ele entenda que não interessa os quão ricos os seus pais são, pois um dia ele irá envelhecer, tal como a mãe daquele jovem.  A coisa mais importante que os seus filhos devem entender é a apreciar o esforço e experiência da dificuldade e aprendizagem da habilidade de trabalhar com os outros para fazer as coisas.

Quais são as pessoas que ficaram com mãos enrugadas por mim?




terça-feira, 10 de abril de 2012

Sobre o tempo – Khalil Gibran


 *Preservada a grafia original.













Um astrônomo disse, “Fala-nos do Tempo”.
E ele respondeu:
Se dependesse de vós medirieis o imedível e o incomensurável
Ajustarieis a vossa conduta e até dirigirieis o rumo do vosso espírito de acordo com as horas e as estações.
Do tempo farieis um ribeiro em cuja margem vos sentarieis a vê-lo fluir.
No entanto, o intemporal em vós está consciente do intemporal da vida, e sabe que o ontem não é senão a memória do hoje, e o amanhã é o sonho de hoje.
E aquele que dentro de vós canta e contempla, habita ainda dentro dos limites daquele primeiro momento que espalhou as estrelas no firmamento.
Quem, dentre vós, não sente que a sua capacidade para amar é ilimitada?
E, no entanto, também sente que esse mesmo amor, embora ilimitado, está confinado no âmago do seu ser, não se movendo de pensamento amoroso para pensamento amoroso, nem de actos de amor para actos de amor.
E não será o tempo, tal como o amor, indivisível e imóvel?
Mas se em pensamento quiserdes medir o tempo em estações, deixai que cada estação abrace todas as outras.
E deixai que o hoje abrace o passado com saudade e o futuro com ansiedade.



(Texto extraído da obra “O Profeta” de Gibran Khalil Gibran, escritor e poeta libanês conhecido pelas obras que exaltavam o amor em todas as suas formas. Faleceu em Nova Iorque no dia 10 de abril de 1931).



terça-feira, 3 de abril de 2012

Semana Santa: Leitura - Provérbios 3: A prática da sabedoria e da caridade



1 Filho meu, não te esqueças da minha lei, e no teu coração guarde os meus mandamentos.
2 Porque eles aumentarão os teus dias e te acrescentarão anos de vida e paz.
3 Não te desamparem a benignidade e a fidelidade; ata-as ao teu pescoço; escreve-as na tábua do teu coração.
4 E acharás graça e bom entendimento aos olhos de Deus e do homem.
5 Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. 
6 Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas.
7 Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.
8 Isto será saúde para o teu âmago, e medula para os teus ossos.
9 Honra ao Senhor com os teus bens, e com a primeira parte de todos os teus ganhos;
10 E se encherão os teus celeiros, e transbordarão de vinho os teus lagares.
11 Filho meu, não rejeites a correção do Senhor, nem te enojes da sua repreensão.
12 Porque o Senhor repreende aquele a quem ama, assim como o pai ao filho a quem quer bem.
13 Bem-aventurado o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento;
14 Porque é melhor a sua mercadoria do que artigos de prata, e maior o seu lucro que o ouro mais fino.
15 Mais preciosa é do que os rubis, e tudo o que mais possas desejar não se pode comparar a ela.
16 Vida longa de dias está na sua mão direita; e na esquerda, riquezas e honra.
17 Os seus caminhos são caminhos de delícias, e todas as suas veredas de paz.
18 É árvore de vida para os que dela tomam, e são bem-aventurados todos os que a retêm.
19 O Senhor, com sabedoria fundou a terra; com entendimento preparou os céus.
20 Pelo seu conhecimento se fenderam os abismos, e as nuvens destilam o orvalho.
21 Filho meu, não se apartem estas coisas dos teus olhos: guarda a verdadeira sabedoria e o bom siso;
22 Porque serão vida para a tua alma, e adorno ao teu pescoço.
23 Então andarás confiante pelo teu caminho, e o teu pé não tropeçará.
24 Quando te deitares, não temerás; ao contrário, o teu sono será suave ao te deitares.
25 Não temas o pavor repentino, nem a investida dos perversos quando vier.
26 Porque o Senhor será a tua esperança; guardará os teus pés de serem capturados.
27 Não deixes de fazer bem a quem o merece, estando em tuas mãos a capacidade de fazê-lo.
28 Não digas ao teu próximo: Vai, e volta amanhã que to darei, se já o tens contigo.
29 Não maquines o mal contra o teu próximo, pois que habita contigo confiadamente.
30 Não contendas com alguém sem causa, se não te fez nenhum mal.
31 Não tenhas inveja do homem violento, nem escolhas nenhum dos seus caminhos.
32 Porque o perverso é abominável ao Senhor, mas com os sinceros ele tem intimidade.
33 A maldição do Senhor habita na casa do ímpio, mas a habitação dos justos abençoará.
34 Certamente ele escarnecerá dos escarnecedores, mas dará graça aos mansos.
35 Os sábios herdarão honra, mas os loucos tomam sobre si vergonha. 

(Provérbios 3, 1-35)

sexta-feira, 23 de março de 2012

Minuto Drummond




A UM AUSENTE

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.

Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,

de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.

Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste
 
(Carlos Drummond de Andrade)

sexta-feira, 2 de março de 2012

"... amar a vida dos seres humanos..." Gandhi.



"Se eu pudesse deixar algum presente à você, deixaria aceso o sentimento de amar a vida dos seres humanos. A consciência de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo a fora. Lembraria os erros que foram cometidos para que não mais se repetissem. A capacidade de escolher novos rumos.
Deixaria para você, se pudesse, o respeito aquilo que é indispensável. Além do pão, o trabalho. Além do trabalho, a ação. E, quando tudo mais faltasse, um segredo: o de buscar no interior de si mesmo a resposta e a força para encontrar a saída."
 
(Mahatma Gandhi)

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Isaías 53: 1-12

"1. Quem poderia acreditar nisso que ouvimos?
A quem foi revelado o braço do Senhor?
2. Cresceu diante dele como um pobre rebento
enraizado numa terra árida;
não tinha graça nem beleza para atrair nossos olhares,
e seu aspecto não podia seduzir-nos.
3. Era desprezado, era a escória da humanidade,
homem das dores, experimentado nos sofrimentos;
como aqueles diante dos quais se cobre o rosto,
era amaldiçoado e não fazíamos caso dele.
4. Em verdade, ele tomou sobre si nossas enfermidades, 
e carregou os nossos sofrimentos;
e nós o reputávamos como um castigado,
ferido por Deus e humilhado.
5. Mas ele foi castigado por nossos crimes,
e esmagado por nossas iniquilidades;
o castigo que nos salva pesou sobre ele;
fomos curados graças às suas chagas.
6. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, 
seguíamos cada qual nosso caminho;
o Senhor fazia recair sobre ele
o castigo das faltas de todos nós.
7. Foi maltratado e resignou-se;
não abriu a boca,
como um cordeiro que se conduz ao matadouro, 
e uma ovelha muda nas mãos do tosquiador.
(Ele não abriu a boca.)
8. Por um iníquo julgamento foi arrebatado.
Quem pensou em defender sua causa, 
quando foi suprimido da terra dos vivos,
morto pelo pecado de meu povo?
9. Foi lhe dada sepultura ao lado de facínoras
e ao morrer achava-se entre malfeitores,
se bem que não haja cometido injustiça alguma,
e em sua boca nunca tenha havido mentira.
10. Mas aprouve ao Senhor esmagá-lo pelo sofrimento;
se ele oferecer sua vida em sacrifício expiatório,
terá uma posteridade duradoura, prolongará seus dias 
e a vontade do Senhor será por ele realizada.
11. Após suportar em sua pessoa os tormentos,
alegrar-se-á de conhecê-lo até o enlevo.
O Justo, meu Servo, justificará muitos homens,
e tomará sobre si sua iniquilidades.
12. Eis por que lhe darei parte com os grandes,
e ele dividirá a presa com os poderosos:
porque ele próprio deu sua vida,
e deixou-se colocar entre os criminosos,
tomando sobre si os pecados de muitos homens,
e intercedendo pelos culpados."

(Isaías 53: 1-12)

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A lista, por Oswaldo Montenegro

Faça uma lista de grandes amigos,
quem você mais via há dez anos atrás...
Quantos você ainda vê todo dia ?
Quantos você já não encontra mais?
Faça uma lista dos sonhos que tinha...
Quantos você desistiu de sonhar?
Quantos amores jurados pra sempre...
Quantos você conseguiu preservar?
Onde você ainda se reconhece,
na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora...
Quantos mistérios que você sondava,
quantos você conseguiu entender?
Quantos defeitos sanados com o tempo,
era o melhor que havia em você?
Quantas mentiras você condenava,
quantas você teve que cometer ?
Quantas canções que você não cantava,
hoje assobia pra sobreviver ...
Quantos segredos que você guardava,
hoje são bobos ninguém quer saber ...
Quantas pessoas que você amava,
hoje acredita que amam você?

(Música: "A lista", composição de Oswaldo Montenegro)





segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O Grande Ditador (The Great Dictator) - O último discurso

"Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos.
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.


A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.
Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!
Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, mas dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de faze-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.
É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!"



(O filme "O grande ditador" tem roteiro, narração, direção e interpretação de Charles Chaplin e foi lançado na década de 1940).


sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Hoje, mais um dedo de prosa com Saramago

















"Nós temos sempre necessidade de pertencer à alguma coisa; e a liberdade plena seria a de não pertencer a coisa nenhuma. Mas como é que se pode não pertencer à língua que se aprendeu, à língua com que se comunica, e neste caso, a língua com que se escreve?

Se o leitor, o leitor de livros; aquele que gosta de ler, não se limitar à quilo que se faz agora, se ele andar pra traz e começar do principio, e poder ler os primitivos e os grandes cronistas e depois os grandes poetas, a língua passa a ser algo mais que um mero instrumento de comunicação, transformando-se numa mina inesgotável de beleza e valor."

 
"Eu tinha dito que iria propor tirar a palavra utopia do dicionário. Mas, enfim, não vou a tanto. Deixe ela lá estar, porque está quieta. O que eu queria dizer, é que há uma outra questão que tem de ser urgentemente revista. Tudo se discute neste mundo, menos uma única coisa: a democracia. Ela está aí, como se fosse uma espécie de santa no altar, de quem já não se espera milagres, mas que está aí como referência. E não se repara que a democracia em que vivemos é uma democracia seqüestrada, condicionada, amputada.

O poder do cidadão, o poder de cada um de nós, limita-se, na esfera política, a tirar um governo de que não se gosta e a pôr outro de que talvez venha a se gostar. Nada mais. Mas as grandes decisões são tomadas em uma outra grande esfera e todos sabemos qual é. As grandes organizações financeiras internacionais, os FMIs, a Organização Mundial do Comércio, os bancos mundiais. Nenhum desses organismos é democrático. E, portanto, como falar em democracia se aqueles que efetivamente governam o mundo não são eleitos democraticamente pelo povo? Quem é que escolhe os representantes dos países nessas organizações? Onde está então a democracia?"
 

“O que cada um de nós deve fazer em primeiro lugar, pois não temos outro remédio, é respeitar as nossas próprias convicções, não calar, seja onde for, seja como for, conscientes de que isso não muda nada, mas que ao fazê-lo, pelo menos temos a certeza de que não estamos a mudar”.


(José Saramago - escritor, jornalista e dramaturgo português).

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Espaço Curvo e Finito - José Saramago

Oculta consciência de não ser,
Ou de ser num estar que me transcende,
Numa rede de presenças
E ausências,
Numa fuga para o ponto de partida:
Um perto que é tão longe,                                                       
Um longe aqui.
Uma ânsia de estar e de temer
A semente que de ser se surpreende,
As pedras que repetem as cadências
Da onda sempre nova e repetida
Que neste espaço curvo vem de ti.

                                                                                              (José Saramago)


quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

"...Vence só quem nunca consegue."






"Conformar-se é submeter-se e vencer é conformar-se, ser vencido. Por isso toda a vitória é uma grosseria. Os vencedores perdem sempre todas as qualidades de desalento com o presente que os levaram à luta que lhes deu a vitória. Ficam satisfeitos, e satisfeito só pode estar aquele que se conforma, que não tem a mentalidade do vencedor. Vence só quem nunca consegue."

(Fernando Pessoa)









 

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

E a vida requer cuidado...


Não faça nada que não te deixe em paz consigo mesma;
Cuidado com o que anda desabafando;
Conte até três (tá certo, se precisar, conte mais);                              
Antes só do que muito acompanhado;
Esperar não significa inércia, muito menos desinteresse;                     
Renunciar não quer dizer que não ame;
Abrir mão não quer dizer que não queira;
O tempo ensina, mas não cura.

(Martha Medeiros)                   

              

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Como é bom recomeçar...

Após as férias, hoje é dia de recomeçar...
Como um livro em que a primeira página está aberta e esperando para ser escrita
Onde o desenrolar da história se passa na vida.





"Bendito quem inventou o belo truque do calendário, pois o bom da segunda-feira, do dia 1º do mês e de cada ano novo é que nos dão a impressão de que a vida não continua, mas apenas recomeça..."                                                                                                                                                               (Mário Quintana)