sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Isaías 53: 1-12

"1. Quem poderia acreditar nisso que ouvimos?
A quem foi revelado o braço do Senhor?
2. Cresceu diante dele como um pobre rebento
enraizado numa terra árida;
não tinha graça nem beleza para atrair nossos olhares,
e seu aspecto não podia seduzir-nos.
3. Era desprezado, era a escória da humanidade,
homem das dores, experimentado nos sofrimentos;
como aqueles diante dos quais se cobre o rosto,
era amaldiçoado e não fazíamos caso dele.
4. Em verdade, ele tomou sobre si nossas enfermidades, 
e carregou os nossos sofrimentos;
e nós o reputávamos como um castigado,
ferido por Deus e humilhado.
5. Mas ele foi castigado por nossos crimes,
e esmagado por nossas iniquilidades;
o castigo que nos salva pesou sobre ele;
fomos curados graças às suas chagas.
6. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, 
seguíamos cada qual nosso caminho;
o Senhor fazia recair sobre ele
o castigo das faltas de todos nós.
7. Foi maltratado e resignou-se;
não abriu a boca,
como um cordeiro que se conduz ao matadouro, 
e uma ovelha muda nas mãos do tosquiador.
(Ele não abriu a boca.)
8. Por um iníquo julgamento foi arrebatado.
Quem pensou em defender sua causa, 
quando foi suprimido da terra dos vivos,
morto pelo pecado de meu povo?
9. Foi lhe dada sepultura ao lado de facínoras
e ao morrer achava-se entre malfeitores,
se bem que não haja cometido injustiça alguma,
e em sua boca nunca tenha havido mentira.
10. Mas aprouve ao Senhor esmagá-lo pelo sofrimento;
se ele oferecer sua vida em sacrifício expiatório,
terá uma posteridade duradoura, prolongará seus dias 
e a vontade do Senhor será por ele realizada.
11. Após suportar em sua pessoa os tormentos,
alegrar-se-á de conhecê-lo até o enlevo.
O Justo, meu Servo, justificará muitos homens,
e tomará sobre si sua iniquilidades.
12. Eis por que lhe darei parte com os grandes,
e ele dividirá a presa com os poderosos:
porque ele próprio deu sua vida,
e deixou-se colocar entre os criminosos,
tomando sobre si os pecados de muitos homens,
e intercedendo pelos culpados."

(Isaías 53: 1-12)

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A lista, por Oswaldo Montenegro

Faça uma lista de grandes amigos,
quem você mais via há dez anos atrás...
Quantos você ainda vê todo dia ?
Quantos você já não encontra mais?
Faça uma lista dos sonhos que tinha...
Quantos você desistiu de sonhar?
Quantos amores jurados pra sempre...
Quantos você conseguiu preservar?
Onde você ainda se reconhece,
na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora...
Quantos mistérios que você sondava,
quantos você conseguiu entender?
Quantos defeitos sanados com o tempo,
era o melhor que havia em você?
Quantas mentiras você condenava,
quantas você teve que cometer ?
Quantas canções que você não cantava,
hoje assobia pra sobreviver ...
Quantos segredos que você guardava,
hoje são bobos ninguém quer saber ...
Quantas pessoas que você amava,
hoje acredita que amam você?

(Música: "A lista", composição de Oswaldo Montenegro)





segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O Grande Ditador (The Great Dictator) - O último discurso

"Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos.
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.


A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.
Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!
Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, mas dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de faze-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.
É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!"



(O filme "O grande ditador" tem roteiro, narração, direção e interpretação de Charles Chaplin e foi lançado na década de 1940).


sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Hoje, mais um dedo de prosa com Saramago

















"Nós temos sempre necessidade de pertencer à alguma coisa; e a liberdade plena seria a de não pertencer a coisa nenhuma. Mas como é que se pode não pertencer à língua que se aprendeu, à língua com que se comunica, e neste caso, a língua com que se escreve?

Se o leitor, o leitor de livros; aquele que gosta de ler, não se limitar à quilo que se faz agora, se ele andar pra traz e começar do principio, e poder ler os primitivos e os grandes cronistas e depois os grandes poetas, a língua passa a ser algo mais que um mero instrumento de comunicação, transformando-se numa mina inesgotável de beleza e valor."

 
"Eu tinha dito que iria propor tirar a palavra utopia do dicionário. Mas, enfim, não vou a tanto. Deixe ela lá estar, porque está quieta. O que eu queria dizer, é que há uma outra questão que tem de ser urgentemente revista. Tudo se discute neste mundo, menos uma única coisa: a democracia. Ela está aí, como se fosse uma espécie de santa no altar, de quem já não se espera milagres, mas que está aí como referência. E não se repara que a democracia em que vivemos é uma democracia seqüestrada, condicionada, amputada.

O poder do cidadão, o poder de cada um de nós, limita-se, na esfera política, a tirar um governo de que não se gosta e a pôr outro de que talvez venha a se gostar. Nada mais. Mas as grandes decisões são tomadas em uma outra grande esfera e todos sabemos qual é. As grandes organizações financeiras internacionais, os FMIs, a Organização Mundial do Comércio, os bancos mundiais. Nenhum desses organismos é democrático. E, portanto, como falar em democracia se aqueles que efetivamente governam o mundo não são eleitos democraticamente pelo povo? Quem é que escolhe os representantes dos países nessas organizações? Onde está então a democracia?"
 

“O que cada um de nós deve fazer em primeiro lugar, pois não temos outro remédio, é respeitar as nossas próprias convicções, não calar, seja onde for, seja como for, conscientes de que isso não muda nada, mas que ao fazê-lo, pelo menos temos a certeza de que não estamos a mudar”.


(José Saramago - escritor, jornalista e dramaturgo português).

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Espaço Curvo e Finito - José Saramago

Oculta consciência de não ser,
Ou de ser num estar que me transcende,
Numa rede de presenças
E ausências,
Numa fuga para o ponto de partida:
Um perto que é tão longe,                                                       
Um longe aqui.
Uma ânsia de estar e de temer
A semente que de ser se surpreende,
As pedras que repetem as cadências
Da onda sempre nova e repetida
Que neste espaço curvo vem de ti.

                                                                                              (José Saramago)


quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

"...Vence só quem nunca consegue."






"Conformar-se é submeter-se e vencer é conformar-se, ser vencido. Por isso toda a vitória é uma grosseria. Os vencedores perdem sempre todas as qualidades de desalento com o presente que os levaram à luta que lhes deu a vitória. Ficam satisfeitos, e satisfeito só pode estar aquele que se conforma, que não tem a mentalidade do vencedor. Vence só quem nunca consegue."

(Fernando Pessoa)









 

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

E a vida requer cuidado...


Não faça nada que não te deixe em paz consigo mesma;
Cuidado com o que anda desabafando;
Conte até três (tá certo, se precisar, conte mais);                              
Antes só do que muito acompanhado;
Esperar não significa inércia, muito menos desinteresse;                     
Renunciar não quer dizer que não ame;
Abrir mão não quer dizer que não queira;
O tempo ensina, mas não cura.

(Martha Medeiros)                   

              

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Como é bom recomeçar...

Após as férias, hoje é dia de recomeçar...
Como um livro em que a primeira página está aberta e esperando para ser escrita
Onde o desenrolar da história se passa na vida.





"Bendito quem inventou o belo truque do calendário, pois o bom da segunda-feira, do dia 1º do mês e de cada ano novo é que nos dão a impressão de que a vida não continua, mas apenas recomeça..."                                                                                                                                                               (Mário Quintana)