Desde a manhã vejo os passarinhos voarem pela janela e entoarem seus cânticos intermitentemente.
Acreditei que era apenas mais um dia em que eles estavam faceiros.
Após o almoço, quando fui olhar as notícias na internet, descobri o motivo da passarinhada estar fazendo essa algazarra toda: o mais nobre dos passarinhos desta vida nos deixou.
Talvez o que seus amigos estejam fazendo agora é uma reverência ao canto do sábio passarinho- menino Manoel de Barros, cujos cantos foram entoados em forma de poesia mundo à fora, sem que ele precisasse sair lá da região do Pantanal.
A poesia tinha música nas palavras.
Palavras estas que ele reinventou para reinventar a vida.
A vida que o criou para transformá-la mais leve.
Seu olhar na poesia não se esconde
Desabrochou por muitas fases para manter-se criança.
Hoje o dia está mais triste (ou não?)
Ganhamos um passarinho que fará poemas-cânticos no céu.
Fique em paz, querido Manoel!
O céu tem nuvens em forma de bichos e flores.
Elas são as formas mais travessas de existência, do jeito que você gosta.
Sentiremos saudades!
Gisa Borges.
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